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A Companhia

        A Companhia do Ator Careca, cujo nome é uma clara homenagem a Eugène Ionesco, é uma das mais independentes companhias teatrais de São Paulo e a história de sua primeira produção é emblemática dessa independência.

 

        Passando 2002 e 2003 sem conseguir captar um centavo para o espetáculo, a Companhia estreou Rosencrantz e Guildenstern Estão Mortos com seis apresentações no Espaço das Artes, hoje sede do Núcleo Bartolomeu de Depoimentos, e com uma apresentação em Sorocaba, interior de São Paulo. A temporada no Teatro Ruth Escobar em 2004 já estava com contrato assinado quando, aos 49 do segundo tempo, conseguimos captar os 20% de recursos necessários para usar a Lei Rouanet de Incentivo à Cultura e amortizar um pouco as perdas. Como dizia-se em Shakespeare Apaixonado, com roteiro do mesmo autor de Ros e Guil: “Vai dar certo. Como? Não sei, é um mistério.”

 

        Essa tem sido a vida da Companhia ao produzir 8 espetáculos em 10 anos de atividade. Salvo pela seleção para o 12º Cultura Inglesa Festival, em 2008, conquistada na raça pela qualidade do projeto e pelo frescor de ideias mostrado com as temporadas seguidas da peça Fracasso nos anos anteriores, temos experimentado os mistérios de produzir no vermelho.

Alberto Guiraldelli, Jaques Bento

      Em nosso trabalho contínuo ao longo de mais de 10 anos, exploramos o vasto universo da Comédia através das técnicas de clown, do estudo dos escritos filosóficos de Henri Bergson e das estruturas clássicas e modernas, sem ignorar a importância do nonsense e do Absurdo, evitando cair nas armadilhas do riso raso, mas testando os malabarismos à beira do abismo.

 

        Ao abordarmos os dramas contemporâneos utilizamos amplamente a experiência de controle de ritmo e tempo de cena que já havíamos dominado nas comédias e pudemos também pesquisar mais profundamente a construção física e vocal do ator na densidade específica do Drama e do registro Épico tão influente na cena contemporânea.

        Rosencrantz e Guildenstern Estão Mortos, de Tom Stoppard, foi um ousado salto no escuro de um grupo de atores recém-formado dirigidos por Mônica Granndo, egressa de um dos mais importantes centros de formação em artes cênicas do Brasil, a UNICAMP. Reconhecendo as irregularidades das performances, já se percebia a marca da nossa linguagem: a busca da precisão, o tratamento fluido da marcação de cena, o controle do ritmo e, certamente, a opção por não fazer pouco da inteligência da plateia. 

Alberto Guiraldelli, Mônica Grando

 A Companhia tem um núcleo de criação e produção que está em contínua busca por temas instigantes, universais, e que reverberem em nossa filosofia de não colocar em cena um teatro que subestime o público se colocando como educador estético da plateia. O público não habita apenas o espaço fluido da arte, mas vive de fato o dia a dia das cidades. Esse é o público que sempre temos em mente: O Homem que realmente vive a experiência do mundo.

 

        O que oferecemos à plateia é uma dramaturgia sólida, uma direção segura, música original, cenografia e iluminação funcionais. A interpretação dos atores sempre elaborada a partir das investigações na sala de ensaio, composta física e vocalmente com sutileza e precisão. E sempre um teatro livre de afetação.

 

        Passados os primeiros 10 anos de atividade da Companhia do Ator Careca, estamos focados em nos reinventar. A qualidade de nosso teatro precisa ganhar mais visibilidade e repercutir mais profundamente no cenário cultural de São Paulo. Aliando a nossa experiência com a chegada de novos atores e parceiros, estamos certos os próximos anos serão de deliciosa provocação.

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