COMPANHIA DO ATOR CARECA
Desilusão das Dez Horas
2015/2016
Desilusão da Dez Horas foi escrita em 2007 e precisou de 7 anos para ser amadurecida como projeto teatral. A fagulha inspiradora veio do poema homônimo de Wallace Stevens, um dos mais importantes poetas americanos. Do misterioso e insinuante quadro pintado por não mais de sessenta palavras, Alberto Guiraldelli procurou uma arquitetura dramática que contemplasse o poético, o fabular e o atemporal.
Esse ciclo de amadurecimento se fechou com a leitura pública do texto no Espaço dos Parlapatões em dezembro de 2014. Nessa feliz troca artística pudemos estar orientados pelo conhecimento profundo de André Garolli na direção de textos de elaborada carpintaria e, ao mesmo tempo, ladeados pelo talento especial de Helio Cicero para construir interpretações delicadas e profundamente humanas.
Na temporada de 2016, Fernado Vieira vem para abrir nossos olhos e ouvidos a novas possibilidades de interpretar esse texto tão movediço.
Contado pelo filho, alternando-se entre a idade adulta e a infância, Desilusão das Dez Horas é um retrato poético atemporal de uma família que vive à sombra da ausência do pai e dos maridos, marinheiros que passam semanas e até meses em alto mar.
Quando o Seu Moshier, velho marinheiro a quem ninguém mais deixa entrar em um navio, traz inesperadas cartas às mulheres e um presente oculto para o menino, a fina casca da rotina se quebra, revelando os fantasmas do desejo e das palavras veladas que habitam aquela casa.
Com sua estrutura aberta de rememoração de um evento marcante da infância e das relações familiares a partir da visão subjetiva da criança, mas também filtrada pela experiência do adulto que aquela criança se tornou, o texto dá oportunidades amplas para um espetáculo ao mesmo tempo poético e impactante. Afinal, as reminiscências de formação do inconsciente são as mais profundas.
Aliado a isso, a peça também faz uma referência oblíqua ao episódio bíblico que fala das filhas de Ló após deixarem a cidade de Sodoma. E então temos também uma dimensão de fábula atemporal e universal, que possibilita a exploração e desconstrução de aspectos arquetípicos das relações familiares.
A encenação busca, ao mesmo tempo que desdobra a história das personagens, estimular os sentidos da plateia através dos sons, dos aromas, das sombras e luzes que se inter-relacionam no palco. Um cuidadoso trabalho de construção é pensado para que a cenografia, a trilha sonora/sonoplastia e a iluminação reverberem os signos do desejo à deriva que a dramaturgia pontua.
Esse é um espetáculo a ser construído através da sutileza e da nuance, mais do que do confronto aberto. Um jogo de sedução e encantamento através do conflito entre desejo e a realidade que se impõe, sem os ruídos da nossa vida cotidiana, mas enredada na ancestralidade de nossas histórias, ampliando a possibilidade do mergulho da plateia na poesia teatral da encenação e do trabalho dos atores.
Texto de Alberto Guiraldelli
Direção de André Garolli
Elenco: Fernando Vieira
Mônica Granndo
Marcela Grandolpho
Alberto Guiraldelli
(e Helio Cicero na temporada de 2015)
Cenografia: Fábio Jerônimo
Figurinos: Alexandra Deitos
Trilha Sonora Original: Reinaldo Guiraldelli
Iluminação: Rodrigo Alves
Design Gráfico: Denise Voss
Fotos de Fernanda Procópio
Op.de Som: Rogério Pérez
Op. de Luz: Marcelo Rocha
Assessoria de Imprensa: Amália Pereira;
(Fábio Câmara em 2015)
Produção: Companhia do Ator Careca
Temporada 2016
De 03 de Setembro a 23 de Outubro
Sábados às 21:00hs e
Domingos às 19:00hs
Viga Espaço Cênico
Rua Capote Valente, 1323 - Sumaré - São Paulo
Duração: 70 minutos
Classificação - 14 anos
Informações: Tel 3801-1843