COMPANHIA DO ATOR CARECA
Rosencrantz e Guildenstern Estão Mortos
2003/2004

Rosencrantz e Guildenstern são personagens menores na tragédia de Hamlet, tal qual foi escrita por William Shakespeare. Tão desimportantes que ninguém da corte sabe dizer quem é um e quem é outro. Tão indistinguíveis que poderiam ser um só. As suas vidas começam a cada nova encenação de Hamlet e termina quando a cortina se fecha. Nos bastidores há o vazio. O tempo morto da espera. O jogo que se repete sempre e sempre. Inconscientes de sua natureza incompleta, apenas suspeitam que há algo de podre no reino da Dinamarca.
Longe do realismo, exprimem o absurdo de se viver à sombra de outra pessoa, sendo jogados de um lado para o outro rumo a um destino tão indesejado quanto inevitável. É meta-teatro, mas também vibrantemente sobre a vida do homem comum.
A primeira obra prima de Tom Stoppard foi também o salto inaugural da Companhia do Ator Careca. Um salto sem rede de segurança para uma companhia de jovens atores. Quem viu o espetáculo em 2003/2004, além dos morcegos que habitavam o teatro Ruth Escobar, naquela época, pode observar por debaixo da inexperiência e ansiedade, uma procura vigorosa do trabalho corporal definido, da preparação aprofundada das técnicas de clown, sem perder o cuidado em dar ao texto o seu peso e ritmo com a fina ironia e inteligência que é a marca de Tom Stoppard.
Com trilha sonora integralmente composta para o espetáculo, figurinos e cenários funcionais e clássicos, uma marcação de cena das mais bem elaboradas, o espetáculo permanece para a companhia como um farol a apontar o caminho de um teatro sem medo da responsabilidade e sem menosprezo da inteligência do público.
Muitas interpretações do texto foram dadas às portas do teatro ao fechar a noite, reforçando a nossa convicção em viver um teatro não para públicos profissionais, mas para os que se aventuram no teatro como algo novo e que pode transformar suas vidas. Com certeza mudou a minha, quando desci as escadas até a mesma Sala Gil Vicente para assistir a Trilogia Kafka da Companhia de Ópera Seca em 1986.
Texto de Tom Stoppard
Direção de Mônica Granndo
Tradução de Alberto Guiraldelli
Elenco: Alberto Guiraldelli
Jaques Bento
David Rock
Adalberto Ribeiro
Ari Cegatto
Eduardo Aznar
Fábio Jerônimo
Fabrício Mardegan
Henrique Schulze
Patrícia Reis
Renato Murakami
Simone Petinelli
Vanessa Teixeira
Walter Oliveira
Cenografia: Fábio Jerônimo
Figurinos: Zé Henrique de Paula
Trilha Sonora Original: Reinaldo Guiraldelli
Iluminação: Alessandra Valese
Ass. de Direção: Carolina Costa
Prep. Corporal: Fernanda Ruano
Op. de Luz e Som: Alessandra Valese e Edison Vigil
Fotos: Gerri Rodrian
Produção: Companhia do Ator Careca